terça-feira, 10 de abril de 2012

Romantismo na Literatura

      Gerado sob o impacto da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, de fins do século 18, o romantismo surgiu no início do século 19, na Alemanha, França e Inglaterra, num momento histórico em que as classes sociais, como as conhecemos hoje, se definiam. Na ocasião, a sociedade se reorganizava e as classes sociais criavam ou redefiniam suas visões da existência e do mundo.
      Das classes sociais desse período, a nobreza e a pequena burguesia são as classes que vão atuar essencialmente no movimento romântico. Assim, o romantismo expressa, nas palavras de Karl Mannheim, os sentimentos dos descontentes com a nova ordem socioeconômica, isto é, com o capitalismo industrial.
     Recém-afastada do poder pelas revoluções, a nobreza só podia amargar uma nostalgia do Antigo regime. Ao contrário, a pequena burguesia expressava espanto e insegurança, vendo barrados pela grande burguesia, pelos verdadeiros capitalistas, seus projetos de ascensão social, desenvolvidos durante a luta contra a nobreza.
    Insatisfeitos e inconformados.Em comum, essas duas classes sociais têm a insatisfação e o inconformismo com a realidade, o que permite compreender muitos traços subjacentes ao movimento romântico. É o caso do escapismo ou evasionismo, a necessidade de escapar ao mundo objetivo, à sociedade, ao tempo presente, em busca de refúgio no mundo subjetivo, no indivíduo, no tempo passado.
        A visão de mundo que privilegia o sujeito ou o subjetivismo, elemento essencial ao pensamento romântico, é uma manifestação de amor à liberdade do próprio romantismo, na medida em que constitui uma afirmação dos valores individuais em oposição às normas sociais. É também uma forma de oposição aos valores neoclássicos dos séculos anteriores, cujo racionalismo artístico passou a ser desprezado em favor de um emocionalismo e de um misticismo (este último, por sua vez, ostenta a religião cristã em oposição à mitolologia clássica, que tinha sido revalorizada durante século 18).
    
 Nacionalismo e inovação.
       Quanto ao subjetivismo, merece ênfase a supervalorização do indivíduo, que tem como contrapartida um certo desprezo pela sociedade. Entretanto, uma ideia de coletividade pode inspirar o Romantismo e ser por ele valorizada: a da união compacta de todos os indivíduos, a da grande coletividade superior às divisões sociais, isto é, a ideia de Pátria, de Nação. Assim, sem trombar com o individualismo, o nacionalismo será outra característica essencial do movimento romântico.
        Entranhados nesses fatores de fundo ou conteúdo, vamos encontrar os elementos formais do Romantismo que, devido à liberdade inerente ao subjetivismo, contrapõem-se à contenção formal do Classicismo do século 18. Desse modo, os gêneros tradicionais da literatura passaram a ser questionados e substituídos pela liberdade inventiva e criativa da escola romântica.

        Amores e aventuras
          De qualquer modo, é ponto pacífico que a forma romance se propaga e consolida no século 19, tendo se tornado o grande veículo de difusão de ideias, sentimentos e emoções, e inclusive crítica social da época. Dando vazão ao registro dos costumes, à ficção histórica, à narrativa de amores e de aventuras, o romance foi a forma que melhor se adaptou às necessidades expressivas dos autores daquela época.
        Da mesma maneira, foi a que melhor serviu ao entretenimento do público leitor de então. Nos centros urbanos, que conheciam um período de franca expansão com a implantação da indústria e dos serviços, a classe média crescia e se consolidava, descobrindo na leitura uma acessível forma de lazer (hoje encontrado na televisão).
         Assim, eram os jovens e as mulheres das cidades, com alguns recursos e instrução, que compunham basicamente o público leitor de romances, onde encontravam, em forma narrativa, uma projeção de suas próprias emoções, expectativas, busca de amor e felicidade, e ainda identificava suas desilusões.

O papel da mídia.
    Além disso, o desenvolvimento do jornalismo no século XIX, com o surgimento de jornais e revistas regulares (diários e semanários) gerou um suporte material que, além de barato e de fácil acesso ao público em geral, se revelou intrinsecamente propício ao romance. Afinal, por apresentar uma narrativa longa, o romance se subdivide em unidades menores, os capítulos.
   Assim, o romance romântico do século 19 era publicado, capítulo por capítulo, numa parte dos jornais, no chamado folhetim, espaço cuja função era amenizar o peso e a gravidade das leituras políticas, econômicas, do noticiário em geral, caracterizando-se pela diversão e o entretenimento.

Características do Romantismo
     Inicialmente, romântico era tudo aquilo que se opunha a clássico. Ou seja, passa a valorizar o caráter popular, o folclore e o que é nacional. O indivíduo passa a ser o centro das atenções, apelando para a imaginação e para os sentimentos, resultando uma interpretação subjetiva da realidade.
   Veja uma tabela abaixo comparando algumas características do Classicismo com o Romantismo.

Classicismo                                                                Romantismo
razão                                                                            sensibilidade
elitização                                                                     Motivos populares
Imagem racional do amor e da mulher       Imagem sentimental do amor e da mulher
erudição                                                                       folclore
paganismo                                                                  Cristianismo
Antiguidade clássica                                                  Idade média
Impessoal, objetivo                                                    Pessoal, subjetivo
Disciplina                                                                    Libertação
Geral, universal                                                           Particular, individual
Modelo clássico                                                         Não há modelos
Formas poéticas fixas                                               Versificação livre
Apelo à inteligência                                                   Apelo à imaginação


http://educacao.uol.com.br/literatura/romantismo-nasce-o-romance-contexto-historico.jhtm


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